terça-feira, 14 de janeiro de 2014

                                        MATEMÁTICA


         Naquela pequena escola do bairro, todos eram muito felizes. Os meninos e meninas brincavam e eram alegres, a Professora era bonita e jovem. Porém Matemática sentia-se muito só, todos a afastavam, não a convidavam para as suas brincadeiras. Preferiam as outras disciplinas, elas eram mais sociáveis, mais brincalhonas.

         Na verdade, ninguém tentara brincar com a Matemática, era mais velha e tinha uma aparência árabe. Ela representava para eles uma ameaça , ela exigia sempre tudo certo e não aceitava um erro.

         As línguas, por exemplo, permitia-lhes uma série de diversões. Podiam escrever grandes redações, onde contavam com as suas letras bem desenhadas, todas as heroicas aventuras das suas gloriosas férias. Podiam também, sem nunca se fartarem, jogar á forca.

         Da história, ouviam pasmados e deliciados a Professora contar as maravilhas dos seus reis, navegadores e dos grandes notáveis, homens e mulheres, combatentes pela liberdade.

         Mas o que eles mais gostavam, eram certamente as horas de trabalhos manuais, desenho e desporto. Aí podiam soltar toda a sua imaginação, criatividade e as suas inesgotáveis energias. Nunca se cansariam de correr, nunca se fartariam de pintar, colar ou mesmo rasgar.

         Mas sempre que a Professora chegava á Matemática o mundo ficava mais escuro, mais pesado. Os rostos vermelhos e graciosos tornavam-se de repente brancos e vazios. Os olhos morriam e fechavam-se. Os alunos resignavam-se, nada os divertia na Matemática. Não podiam brincar, manipular, transformar. Só podiam aceitar, calcular, resolver.

         Um dia a Professora vendo Matemática triste, até as pedras choravam de a ver assim, aproximou-se tentando ampara-la. Foi então que Matemática explicou porque sofria, nenhum dos meninos e meninas gostava dela, nunca brincavam com ela. A Professora já notara que os seus alunos não gostavam muito da Matemática, mas, não sabia bem como resolver esta situação. Lembrava-se que quando ainda pequena, também, nunca fora companheira da Matemática. Esta abriu o coração e soluçando confiou o seu segredo.

         Bastava que a Professora quando falasse dela aos alunos, lhes transmitisse alegria, desenhasse os números redondos e bonitos, brincasse com a Matemática mostrando, que o “1”, o “2”, o “3”, o “+” e o “-”, podem ser tão amigos como o “a”, o “b”, o “c”, a “,” ou o “!”.

         Afinal tudo dependia da forma como era apresentada aos alunos, da simplicidade com que os problemas eram expostos e resolvidos, do tempo que lhes era dedicado, da alegria com que era recebida pelos alunos.

         Foi a partir desta data, que todos os homens e mulheres perceberam que também gostavam da Matemática e nunca mais a deixaram só. Os seus filhos e netos passaram a aceita-la com a mesma naturalidade que a história, as línguas, o desenho e o desporto.

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