quinta-feira, 29 de maio de 2014


Tenebrosa solidão


 E este sorriso que esconde dor

E este abraço que esconde solidão

E esta gargalhada que esconde tristeza

E esta vida que esconde a morte

Nesta aparente felicidade, cresce a angustia de algo que desconheço, de um tormento que está para chegar, do dia em que o desespero quebrar esta frágil e ténue segurança em que transporto a minha existência.

Vivo nesta desconfortável confiança em mim mesmo, irreal como os meus sonhos.

Este sentimento irrompe dentro de mim, não o domino nem o entendo. Desejo que me trespasse, mas que me abandone. Deito-me nesta cama só, sufoco na almofada a dor e o grito que traz este pedido de socorro e que só eu ouço dentro de mim.

Resisto a sofrer, porém estou cansado. Não entendo a minha vida, não sei para onde caminho. Para que acordo afinal?
 
 

domingo, 25 de maio de 2014


 
Não pertenço a este tempo

não vivo de acordo com as vossas regras

sinto-me desadaptado e estranho

invejo-vos por conseguirem coexistir neste tear de relações

por saberem sair delas sem sofrer

sou um ET

 

quinta-feira, 22 de maio de 2014



Quarto de Hotel


 

Quem não experimentou essa sensação de passar uma noite só, num quarto de hotel, não conhece todo um tipo de sensações que se contradizem entre elas.

Tudo se inicia com a expetativa de conhecer o espaço e descobrir tudo o que ele oferece. Tentamos compensar a ausência do nosso lar, no aparente conforto que nos transmite este estranho contentamento de estar num quarto de hotel.

Este namoro é efémero em breve se desvanece por algum pormenor esquecido que lembramos subitamente de outro quarto, daquele outro que nos maravilhou. Ainda estamos no estágio da total ausência de introspecção, pois esse abismo não se abate logo sobre nós.

Em seguida, sentimos desejo, sentimos vontade de fazer tudo o que nos foge à rotina, desejamos algo inusitado, fetiches escondidos e reprimidos. Deixamo-nos estar deliciados até perceber que são tão irreais como a miragem de uma tenda num deserto.

Voltamos a ser nós próprios, acomodamo-nos ao ambiente e desfazemos lentamente parte da mala, experimentamos a casa de banho e tal como os animais marcamos o nosso território, pois também precisamos de sentir essa mesma segurança.

Em seguida, vamos explorar o hotel, os seus serviços, que sabemos ser a extensão do nosso breve lar. Essa primeira excursão é geralmente rápida, apenas precisamos de verificar detalhes para pontuar o hotel.

Voltamos em passo largo para o nosso quarto, verificamos tudo novamente e aí sentimo-nos em segurança. Nesse instante estamos em condições de regressar a nós próprios e então cai sobre nós esta profunda tristeza do abandono, pensamos no que largámos, naqueles que amamos, no pouco que nos acompanha.

No vazio nos deitamos, esperamos que o cansaço nos vença e nos deixe dormir sem muito pensar. No vazio acordamos, geralmente perdidos no espaço, sem um rosto a quem sorrir, sem uma voz para nos ouvir.

Em silêncio nos preparamos pausadamente ou rapidamente, pensando nessa deliciosa refeição que nos irá compensar deste tempo em que estivemos privados da vida. Este alento invade-nos de esperança e com alegria chegamos ao lugar de convívio, em que outros como nós ocupam já os seus lugares. E neste lugar, igual a tantos outros, repetem-se os mesmos gestos de um café da manhã.

Voltamos ao quarto, arrumamos os nossos pertences, despedimo-nos de todos os cantos, procurando por algo porventura perdido e a mudança está feita. Novo olhar breve, em tom de despedida, respiramos fundo, fechamos a porta do quarto de hotel.
 
 


Caminho para o infinito

Atravesso um labirinto, dois ou quantos eu criar

Sigo o horizonte

Mas de noite perco-o, nem a estrela me guia

Continuo seguindo os meus instintos, que nem sempre me ajudam, mas confio neles

Subo e desço, ando aos ziguezagues, mas escuto o bater do coração, também confio nele

Quebro obstáculos, venço etapas, cresço e torno-me todos os dias diferente do que era

Cruzo vidas, umas levemente, outras intensamente, enriqueço sempre e sorrio mesmo quando transporto dor

E esta constante mudança, esta necessidade de viver, este desejo de sentir, é o motivo pelo qual caminho.
 
 

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Stand By Me - Bachata Dancing




Enviaram-me este vídeo, fiquei fascinado.

O ritmo, a suavidade e sensualidade.

Os corpos entrelaçam-se e interagem em harmonia.

Os pés movem-se flutuando.

O espaço, a música e a dança combinam num momento delicioso de arte

sábado, 17 de maio de 2014


Mar


 
E o mar, tão distante de mim,

E a saudade de olhar simplesmente para o horizonte,

E a falta do balancear das ondas,

E a agitação da praia, e o silêncio ao final do dia, e o mergulho nocturno.

Eu não sou um peixe de água doce, preciso do sal, preciso da força e energia dessa massa de água infinita.

Nunca estive tão longe do mar, nunca estive tanto tempo sem o ver e esta dimensão espaço-temporal é uma realidade que não esqueço e que tento vencer.

Abro a janela e escuto o movimento cadenciado dos carros na avenida, ora para uma lado, ora para o outro, e deixo a minha memória fingir que se trata da melodia continua das ondas do mar.

Quero voltar a sentir a frescura da espuma,

Quero voltar a ver os meus pés desaparecerem sob a areia, à beirinha do mar,

Quero voltar a olhar para as lindas sereias desfilando na praia,

Quero voltar a comer o gelado que se derrete nas mãos,

Quero voltar a suspirar de felicidade.
 
 

sexta-feira, 16 de maio de 2014



Os dias passam, uns seguindo os outros e a minha vida permanece igual, nada muda aparentemente, mas dentro de mim sinto esse reboliço de emoções que me acompanha ao longo do tempo, sinto tristeza, sinto alegria, sinto a alternância, mas não deixo de sentir.

Desejo falar, mas nem sempre alguém me escuta e nem sempre alguém me entende.

Assim isolo-me no meu dialogo interior, procurando formular as questões e encontrar as respostas. Sinto-me exausto, desejo repouso, desejo que se estanque esta insatisfação constante com a vida.

Não me conformo, luto, procuro sonhar, fugir da minha vida, sentir-me vivo para além de mim. Não é fácil, quando encontramos nesse espaço que não nos pertence e em que não vivemos, o gosto de permanecer.

Quero poder voar, transportar-me para longe do que sou, viver dos sonhos e acreditar que tudo é real. Pois o real não se aproxima do que gostaria de poder viver. Os passos pesam cada vez que caminho no sentido contrário ao rumo que desejo seguir.

Custa-me esta solidão, custa-me este silêncio e principalmente esta distância para a felicidade que conheço e quero viver.

Conquistar a felicidade exige esforço e eu dou valor ao tempo, mas também sei que tempo o tempo transforma, por isso a vida é incerta como a minha existência e isso a torna inigualavelmente única.
 
 

domingo, 11 de maio de 2014

Kathleen Battle, Wynton Marsalis: Baroque Duet Part 07



sempre adorei este dueto, ouço o disco e esqueço que existo.

Dia das Mães


Também hoje, irão receber aquele sorriso dos vossos filhos, que vos enchem sempre de coragem para enfrentar tantos e tantos desafios.

Mas hoje é diferente, as pessoas vão vos felicitar e não julgar, condenar ou ignorar.

O dia ganha especial valor para as Mães que já perderam o contato diário com os seus filhotes, hoje grandes, com as suas vidas, provavelmente com as suas famílias. Neste dia, recebem a visita, um telefonema, um gesto de carinho.

Este reconhecimento não é um dever, pois é espontâneo, pena tenho que não seja internacional e fixo, tal como outras tantas datas que por justiça são celebradas universalmente.

Este ano, por estar no Brasil, esqueci a data de Portugal, não dediquei como gostaria as palavras especiais que as Mães da minha vida merecem. Não lhes disse o quanto eram importantes, o quanto me honravam, e o carinho, e o amor, e tanta emoção que estas palavras trazem consigo.

O Dia da Mãe é entre estes dias celebrados o mais importante. A Mãe gera vida. Vida que nos torna o que somos. Ser Mãe transforma fisicamente a mulher, para criar dentro de si, com tanta perfeição, um novo ser.

As Mães do Brasil e de todo o mundo estão hoje de parabéns. Principalmente a Minha Mãe!

Um beijo enorme para cada uma!

 

sexta-feira, 9 de maio de 2014


  
Prova de Amor
 

Vivo para ti presentemente

Amo-te ardentemente

Renovo os meus votos eternamente
 

O amor não é uma prova de dor

e Eu já vivo aqui preso à solidão

Qual a distância do amor?
 

Não deixarei secar o coração

Quero voltar a abraçar-te com amor

Quero voltar a beijar-te com paixão


 


Para ti,



O teu nome é esperança, a tua presença é alegria.

Felicidade é o que levo comigo, pensando em ti.

 
Adoro o contorno do teu rosto, amo o desenho da tua boca,

Os teus olhos não escondem sentimentos e os teus lábios

revelam desejo.

 
Deleito-me a olhar os teus cabelos caindo sobre os teus ombros finos.

As tuas pernas e o teu peito me excitam.

 
Mas dentro de ti está a caixa de pandora que me encanta,

sempre que descubro em ti os laços que nos unem.

 
As nossas conversas são esse conjunto de memórias

que passamos um para o outro e aquelas que criamos juntos.

Esses momentos são emoção, sedução e intimidade e geram

confiança, amor e ternura.

 
Desejo que este momento seja eternamente belo.


sexta-feira, 2 de maio de 2014


Penso neste emaranhado do amor, paixões e desilusões.

Adivinho que por mim se cruzam pessoas que são amadas por quem não querem amar, imagino que diante de mim estão pessoas que amam quem não as quer amar

Este é o constante desencontro dos sentimentos, o desassossego dos românticos.

O sofrimento de quem nunca abriu o coração e a devoção dos que todos os dias tentam conquistar uma emoção, um sorriso.

E o racional não domina, felizmente, pois mataria logo a esperança. A esperança é a âncora dos que sonham e sentem.

Não sei se a paixão é eterna, mas sei que existe e emana o perfume da primavera.

O amor eterno é mutável, transforma-se para resistir, que perfeição.

Perfeita também é a pluralidade de personalidades e a diversidade de emoções.

Quem viverá uma vida mais rica, aquele que nunca amou e foi amado, ou o que amou ardentemente sem ser amado?