Na busca de si próprio
Na verdade a viagem
transformara-se numa viagem dentro dele próprio, Tiago sentiu-se sobressaltado
por este sentimento e ansia de se reencontrar com ele mesmo.
A rotina dos dias,
calma acomodação adormecera nele a sua constante inquietação.
Porém só, naquele
território e distante da sua zona de conforto, entregue unicamente a si,
impeliu-o na necessidade de se relacionar consigo mesmo, como se de um estranho
se tratasse.
O tempo havia passado
e esse reencontro foi mais suave que das outras vezes. O momento era outro e
bastantes contradições se haviam então esfumado pela própria razão da sua
inexistência.
Tiago procurava
dentro de si, dentro do infinito de si mesmo, procurava a sua própria
existência, bem como a razão de existir. Tentava entender e compreender as suas
emoções.
O reflexo que via
dele no seu relacionamento com os outros habitantes nem sempre coincidia com a
conquista que julgava crescer do conhecimento de si mesmo.
Por isso, interpelava
uma infinidade de pessoas com as quais procurava espelhar o seu desassossego, a
sua busca, a eterna busca por algo que nem conhecia.
Pretendia encontrar
no diálogo consigo mesmo, através do seu relacionamento social, as respostas
que não encontrava dentro de si.
Este inevitável
contato humano, razão de uma necessidade de pura sobrevivência, de procura de
afeto, criara nele uma crescente confiança na sua capacidade de se relacionar
para além do seu habitat familiar, onde se sentia naturalmente protegido.
Este efeito era
formidavelmente agradável para ele, pois sentia, o que nunca houvera sentido
até então. Sentia que- os medos e receios de anos eram infundados. Sentia que
havia apreço pela sua presença, admiração pelas suas ideias e agrado pela sua
companhia.
Porém, quando só, a
sua angústia mantinha-se acesa, como acesa estava a imagem totalmente desfocada
da ideia que ele tinha em si mesmo.
O seu reflexo nos
outros não o deixava tranquilo pois sabia que não se libertava a modo de
permitir uma imagem real dele mesmo. Procurava por insegurança que o reflexo
dele nunca combinasse com a ideia sempre negativa que tinha de si mesmo.
Deixava esse lado
obscuro selado dentro do seu coração.
As emoções, ele as
conhecia bem. Conseguia viver um arco iris de felicidade dentro de um mar
tenebroso e escuro de angústia e tristeza.
Estes limites
esgotavam-no, e exausto continuava o caminho na busca de si próprio.
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