quinta-feira, 13 de março de 2014


Os dias passam, uns dias janto, a maioria não.

Estou só, nada me obriga a cumprir rituais, não preciso de estar presente para ninguém.

Chego no fim do dia, numa casa vazia, sem vida, quero fugir, mas não tenho onde ir.

Sem lar, não temos bússola, navegamos à escura, batendo nos rochedos.

Resigno-me e por aqui fico, sem vontade de sair para outro lugar onde ninguém me espera.

Sinto falta de um abraço, de um afeto, de partilhar a minha cama.

Não tenho com quem desabafar, dizer mal ou bem, viver uma vida banal.

Vivo a vida que não deveria viver, não posso estar onde queria estar.

Penso, medito, escrevo, por vezes o relógio para, por vezes não, o tempo é inimigo da solidão.

Tenho sonhos, realizações pessoais, mas sinto-as solitariamente, todos os que amo estão longe de mim, talvez também vivam vidas solitárias.

Não me conformo, luto comigo mesmo, tento vencer todos os dias esse desafio, por vezes é mais fácil.

Amanhã, vou acordar, vou sorrir e passar o dia disfarçando a noite, querendo esquecer que terei de regressar a esta casa no final do dia.

Assim se passam os dias, os meses e se passarão os anos.

Acho que vou ter força de continuar vencendo, Esperança me mantém com alegria para viver.


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