Gente sem rosto
Tu que caminhas nesse passo apressado, vinda do vazio
e te dirigindo para o nada. Não transportas memória,
a tua história é igual a de tantos outros, com quem me
cruzo e com quem nunca falo.
Tu também não reparas em mim, pois tens que levar
a vida lutando e não contemplando, tens que sobreviver
e não desfrutar. Tu que tanto batalhas para nada ter,
queres comer para viver.
Tu que em nada és diferente de mim, também sofres
e também choras, também escondes a vergonha
e tentas em vão mostrar força onde existe fraqueza.
Tu ris, pois o riso afasta a dor, uma gargalhada
compensa esse suor sofrido diariamente.
O sorriso é a salvação dos que lidam com o silêncio
e o abraço é o elo que te une à vida.
Tu cresces quando te unes, ganhas força.
Tu que pouco tens, possuis a coragem dos
audaciosos e enfrentas, à cabeça, combates que eu
nunca terei coragem de desafiar.
Tu gente sem rosto, caminha de cabeça erguida,
Que és mais nobre do que eu
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