sexta-feira, 25 de abril de 2014


25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!


Aqui distante no Brasil, ouço a vossa voz no Marquês, descendo essa avenida colorida de cravos até ao Rossio.

Lembro 40 anos de memória que trago deste privilégio de ser filho da revolução, de ter herdado um mundo melhor, onde pude falar livremente, em que as fronteiras nunca se fecharam diante de mim, onde os meus sonhos não foram negados.

O mundo “evoluiu” no sentido contrário ao que desejo, mas “ainda” temos o privilégio de poder escolher. Não sei se algum dia haveremos de ter a lucidez coletiva de escolher formas alternativas a este “carneirismo” e “seguidismo” globalizado de entender a sociedade e a política.

Não tenho a coragem dos que lutam, não tenho a determinação dos que não se resignam. Prefiro levar-me pelo encanto das palavras e pela suavidade da poesia.

Porém hoje, uso o poder da palavra nesta necessidade de evocar Abril, com consciência que a luta se trava todos os dias, pois todos os dias perdemos as conquistas de Abril.

Um dia, acordaremos com uma arma na cabeça, nos levando para uma esquadra, onde seguiremos para anos de prisão sem julgamento e sem condenação, perante a indiferença o ou medo dos vizinhos. O medo de serem os próximos.

Um dia, acordaremos com a boca cozida para não gritarmos e não apelarmos à revolta.

Um dia, acordaremos com os nossos textos queimados.

Um dia, as nossas ideias ser-nos-ão negadas.

Um dia, a nossa vontade será de lutar sem recear morrer.

Para que esperar por esse dia? antes aceitar que ele está próximo, pois a liberdade também é aproveitada pelos que a desejam negar. Eles não dormem!

Assim, continuo a acreditar que a memória do 25 de Abril é decisiva para nos manter alerta, é determinante na vontade de querer dizer que o fascismo nunca mais.

 

 

3 comentários:

  1. Excelente palavras, Felipe! Poucos consegue enxerga o mundo com outros olhos...Um Grande Abraço do seu recente amigo Victor Miranda.

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