Naquela noite fugi,
fugi o mais rapidamente que pude, mantendo claro uma postura de quem esconde
todo o desconforto de um encontro mal sucedido. Jantamos e aproveitei a pausa
que se eternizava para encontrar um pretexto de sair.
Marquei com ele no
chat, parecia interessante, foto de homem elegante, quarentão, ar bem-sucedido,
mas a sua presença não coincidia em nada com o que aparentava por trás do
teclado. Será que era ele mesmo?
Marquei com ele perto
de casa, para estar mais livre de regressar, nestes primeiros encontros, nós as
mulheres nos resguardamos sempre. Eles também se resguardam do seu jeito, mas
eles acreditam estar protegidos daquela capa de super-heróis que os acompanham
desde os 10 anos.
Quando cheguei, ele
já la estava, bem vestido, cheiroso até, mas impaciente e eu nem tinha passado
dos meus habituais 20 minutos de atraso. Apresentei-me e ele fez o mesmo,
esperava um elogio que não chegou. Este fato me caiu mal, não fazia parte do
começo que tinha idealizado para este encontro, nunca me sucedera efetivamente
tamanha alienação ao meu charme. Na verdade, sempre pensamos que poderá rolar
qualquer coisa de um primeiro encontro, embora mantenhamos uma atitude de
reserva, aquela reserva que é desejada a uma moça de boa família. Tudo ficção.
Mas logo de início, esse desconforto foi
crescendo dentro de mim, a minha insegurança viajou por dentro de mim, enquanto
ele tecia o seu monólogo egocêntrico. Não fiz caso do que falava, ele também
não fazia caso da minha indiferença. Algo estranho, realmente.
Peguei no celular e
fazendo dele o meu espelho tentei perceber se a minha maquilhagem estaria
borrada, ou se os meus dentes teriam qualquer coisa. O cabelo também estava
arrumado, o decote mantinha a aparência que tanto agradava em outros encontros.
Pedimos vinho, mas nem assim o meu pretendente se soltou e o jantar terminou
com um beijo e um cordial até breve. Fugi dali, entrei em casa, tomei um banho,
deitei-me na cama e desabafei…
Nota do Autor: tratou-se de um ensaio em que respondi a um desafio de escrever ficção e criar um personagem feminino. Vou continuar certamente esta história.
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