Última fronteira
Quero morrer mas estou
condenado a viver,
pois dei a minha vida
àqueles que amo.
Esta vida que não é minha,
nem sequer da morte.
Quando eu morrer não
será de doença, mas sim de tristeza,
de viver nessa eterna
agonia, nesta continua melancolia,
na certeza de não
pertencer a lugar algum.
Fui feliz e tive a
ilusão de poder merecer ser feliz
Porém, foram efémeros
esses doces momentos,
em que me deixei
transportar pelos sonhos.
Queria ser livre de
poder morrer neste egoísmo
que porventura mereço,
largar este eterno calvário
e ser livre para
sempre.
Libertar-me de mim
mesmo, deste desassossego,
ter que aceitar o que
não entendo, ter que viver
esta ficção como sendo
real.
Deixo passar o tempo,
na certeza que a minha infelicidade
afasta de mim, que me
quer bem. Vivi demasiado tempo agarrado
neste vazio do
contato, isolado e resguardado da vida.
Fujo de novo, mudo de
lugar em lugar, transportando-me
Como um pesado fardo,
como uma condenação eterna.
Por isso, desejo
morrer, porque não sei viver.
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