sexta-feira, 26 de setembro de 2014


Boa tarde,
 
A ausência não significa silêncio! Percorro os dias e o tempo com este corpo que não me abandona, vivo com ele experiências fabulosas.
Terminei recentemente o meu primeiro projeto literário, impulsionado pelo desejo ardente de iniciar um novo. Esta energia contagia a minha visão da vida, a minha forma de agir e me relacionar.
Quero agora contar-vos umas histórias, que irei publicar neste espaço, para depois compilar num livro. A ideia começou deste modo...
 
Os Inadaptados

A sociedade define padrões, a religião postula costumes e a humanidade conduz a valores, mas ainda assim existimos e vivemos, sentindo-nos desenquadrados dos parâmetros definidos para a generalidade dos homens, mulheres, crianças e velhos.

As nossas diferenças enfraquecem-nos perante a força da intolerância e ignorância. A nossa fraqueza não é tolerada neste mundo em que a afirmação se faz com brutalidade e agressividade.

Os inadaptados não resistem contra a mudança nem perante a opressão, apenas são eles mesmos, não têm força ou vontade de lutar, querem simplesmente existir nos seus mundos, que partilham com pessoas que não julgam, não condenam e aceitam que toda a gente tem direito à diferença.

Os inadaptados, sou eu, és tu, somos todos nós que nos revemos nas nossas singularidades, nos nossos comportamentos, na nossa tristeza, nesta solidão que acompanha a certeza de uma vida especial.

Quando eu morrer tenho um desejo, porventura desmedido, mas como só vou morrer desta vez, aceitem-no como um capricho. Pensem em mim com carinho e sorriam.

Construí a minha vida, embalado pelo vosso afeto que me ajudou a suportar a aridez da indiferença.

Tentei sempre afirmar a minha gratidão, o quanto me sensibilizava um abraço, um beijo, um simples oi, olá, um tudo bem.

Pequenos gestos que me animaram, que cultivei, que me fizeram sentir vivo.

Se as emoções calaram a minha voz, as lágrimas apagaram as minhas palavras, estou certo que um gesto vos retribuiu.

Se mesmo assim, tal não aconteceu, dedico-vos o meu pensamento neste texto.

 

sábado, 13 de setembro de 2014


Desafio cada instante da vida,

Não sou um aventureiro destemido,

Não sou atleta dedicado,

Sou um sonhador.

 

Conheço a dor e a tristeza,

Vivi paixões, sofri desilusões,

Corro por tudo o que acredito

Confio na pureza das palavras

 

A loucura ajuda-me a filtrar o que não quero

Vejo através do coração, o que se esconde da razão.

Num olhar revelam-se desejos

Em gestos falamos segredos

 

Sigo o tempo que não para

Que nos consome num crescendo de atenção

Que não conseguimos acompanhar

Esquecemos as nossas próprias vidas

 

Um abraço será sempre um abraço

Um beijo não deixará de ser um beijo

A lágrima cairá do rosto que chora

O sorriso brilhará nos olhos de quem o receber

 

Mas é possível parar para amar,

Para olhar o voo do pássaro,

Escutar o som do mar,

Para gritar eu estou aqui!

quarta-feira, 10 de setembro de 2014


O Homem Máquina


 

O meu corpo já não termina nos meus dedos,

Pois eu nada sou sem o carro com que me desloco,

Sem o telefone com que comunico ilimitadamente.

 

Já não sei viver sem toda a parafernália eletrônica

Que acompanha a minha existência e que

Quando param, eu desespero.

 

Carrego-me de combustível e de energia,

Pois o meu corpo exige novos alimentos,

Transformo-me mas ainda distante do óptimo.

 

Sonho poder mutar o meu corpo,

Instalar sem pudor as máquinas que carrego

E me atrapalham hoje os movimentos.

 

Um dia vou ter chips e telefones embutidos no corpo,

Conexões, wi-fi e baterias eternas,

Vou poder voar em vez de andar.

 

E não me falem dos contras!

Eles acompanham a evolução,

Os desafios são eternos.

 


Desejo desejar e ser desejado

num universo de desejos infinitos,

em que me perco na vastidão da minha ilusão,

onde a vontade é o meu limite.

 

E o tempo será essa miragem,

relógios parados,

dimensão que se mede por impulsos

e não em segundos.

 

Caminho sem gravidade,

não tenho peso próprio,

libertei a âncora que me

mantinha na outra dimensão.

 

Aqui, transito pela liberdade

respiro perfumes hipnóticos,

alimento-me de frutos que nunca comi

sorvo todos os momentos da vida.

 

Não sei se é felicidade,

nem importa, pois procuro sentir

a magia irreal do sonho,

doce, esta alucinação.

 

domingo, 7 de setembro de 2014


Vem,


 

Hoje acordei triste, não te encontrei

Quisera te tocar, te sentir, te ouvir

Passar a manhã agarrado a ti

 E embalar-me no teu cheiro.

 

Acordei e estava só, a cama deserta

E fiquei pensando porquê, não descobri,

Mas o sentimento perdurou, continua ainda,

Pois sei que logo vou adormecer embalado

Nesse sentimento, nesse vazio que não venço.

 

Não é difícil encher uma cama, mas não é simples,

pois um corpo vazio de emoções me traria

Maior sofrimento que este que sinto sem ti.

 

Tu me trazes o conforto que procuro ao te abraçar,

tu tens a magia de me cativar, tens o dom de me seduzir e

é por ti que a minha cama espera vazia.

 

sexta-feira, 5 de setembro de 2014



Se eu fosse um animal seria sem dúvida um homem, pois não sei viver na água e no ar.

De todos os objetos, o melhor é certamente a cama, a minha ou a tua.

A apatia é a cegueira dos sentimentos, vazia e distante como o eco.

A loucura é um sinal de vida e o reflexo da dor insuportável.

Um sorriso apazigua a minha inquietação, acelera o meu coração e traz felicidade à minha vida.

A perfeição não existe, porém a busca dela é a mais perfeita de todas as aventuras.

Não existe passado, presente e futuro, tudo é eternamente efémero e se contrabalança constantemente nas minhas ações e emoções.

Nunca me consegui entender, sei que preciso de ajuda, o meu reflexo em vós é a imagem que tenho de mim. Só, eu não sirvo de nada.

A amizade é a conquista mais valiosa que já consegui. Não sei qual será a minha maior derrota.

 

quinta-feira, 4 de setembro de 2014


Desejo a tua pele, tocar-te, sentir como é macia, beijar e respirar o teu perfume.

Quero abraçar-te e envolver-te nos meus braços, os nossos corpos ligados por milhões de poros, um gostoso arrepio e um intenso desejo.

Percorro o teu corpo fascinado pelo seu esplendor, doces caricias, beijos suaves, gosto de te ouvir gemer nesse momento.

Dos pés que massajo com imenso prazer, passo as minhas mãos pelas tuas pernas centímetro por centímetro, a minha língua segue atrás te saboreando e degustando.

Envolvo o teu peito pelas minhas mãos, trinco os teus mamilos, tu gritas o meu nome. Na minha boca tenho a tua língua que, junto à minha se entrelaça, num jogo que não finda.

Aperto com força a tua bunda enquanto sentada sobre mim te penetro e estremeço contigo neste clímax em que gozamos e nos amassamos.

Ofegantes nos deitamos no deleite deste prazer consumado, nos acariciamos, sorrimos felizes, o tempo parou lá fora, o universo está neste quarto partilhado, nessa cama, no teu corpo nu perto do meu.

O teu nome é mulher, o teu cabelo tem as cores do arco íris, os teus olhos mudam sempre que piscam para mim. Beijas-me suavemente, tratas-me com doçura, és meiga e sensual. Tens o tesão que me excita e o mistério que me mantém cativo a ti.

 

Tu és especial!


 

A conversar te conheço, tu te revelas e eu te escuto encantado.

Contas-me histórias novas que nunca ouvi, vidas e experiências que desconhecia e assim enriqueces a minha existência.

Adoro este privilégio de partilhar a tua vida, entrar dentro de ti, dar parte de mim.

Como é deliciosa e ávida esta vontade de tudo saber, este desejo de sugar, comunicar, esta tranquilidade de estar junto de ti e sentir que tudo parece real.

Em simultâneo, construímos também os nossos próprios momentos, felizes constatamos afinidades e sorrimos.

As horas passam e estamos viciados um no outro, tudo nos cativa, tudo é inspiração, envolvemo-nos nesta atmosfera que já transcende a empatia.

Tudo me interessa quando me falas de ti, gosto de saber o que pensas, o que sentes. As tuas emoções asseguram-me que sofres como eu, do gosto de viver com sentimentos.

Somos demasiado parecidos e nos assustamos, tudo é repentino, tão intenso que nos abraçamos sabendo que os corações batem aceleradamente.

Maravilhados nos rendemos à felicidade do acaso nos ter cruzado. Um encontro é sempre uma combinação de coincidências que se assemelham ao acaso.

Como é magnífico o poder dos estímulos que provocam arrepios cada vez que nos sentimos mais próximos, nessa certeza de estarmos conquistando uma grandiosa amizade.

 

quarta-feira, 3 de setembro de 2014



O que quero eu realmente? viver de sonhos, criar ilusões, amar tão loucamente e morrer tranquilamente.

Quero poder correr por desejos, combater os meus demónios e sentir que vou em frente neste caminho tão sinuoso.

E escrevendo vou levando a minha vida, pensando e sentindo, não escondo sensações e emoções.

Através de mim, falo de pessoas, de coisas comuns, de inquietações, de hesitações.

A minha escrita é a vida intima, a transposição de segredos, a nossa essência.

 

Aeroporto

 

Lugar de passagem para essa viagem que desafia a gravidade.

Voos que se cruzam, embarques, desembarques, pessoas cansadas, pessoas felizes, pessoas que falam tantas línguas diferentes.

Caminham de um lado para o outro, uns devagar, outros em passo largo.

Sentadas em cadeiras desconfortáveis estão espalhadas as que se perdem nos seus pensamentos, nesta espera necessária que cria ansiedade.

Pessoas sós, silenciosas nas suas vidas, grupos barulhentos depressa passam levando com eles o ruído.

E o tempo não passa, esgotam-se as atividades, repetimos gestos, prendemo-nos ao infinito, repousamos o pensamento da chegada.